terça-feira, outubro 18, 2005

António Feliciano Branco Teixeira

Nasceu em Muge, após o falecimento de seu pai, Administrador da Casa de Cadaval, fixou-se em Coruche para melhor dirigir a propriedade que a família possuía na região de Canha.
Aqui viveu com a mãe e familiares, aqui casou e edificou a sua extensa actividade até aos últimos momentos da sua vida.
Grande Português, grande lavrador, grande benemérito, cujo lema era proteger os pobres.
A sua formação, o seu trabalho, o interesse pela região e pela terra Coruchense, elevou-o a Presidente da Santa Casa da Misericórdia, a Presidente da Câmara Municipal, a Procurador à Câmara Corporativa.
Amigo da justiça, não olhava a credos políticos.
Um padre que foi colocado em Coruche e que era avesso a tudo o que era liberal da esquerda, consegui que o democrata, Francisco Vicente Faria, fosse intimado a apresentar-se em Santarém, para prestar declarações e conseguiu que fossem passadas ordens de prisão para os republicanos mais em destaque.
António Teixeira logo que teve conhecimento do que se passava, vai a Santarém com o seu prestígio, consegue que essas ordens fossem anuladas.
Amigo de Coruche auxiliou-a sempre que pôde. Durante a 2ª Guerra Mundial, o pão e outros comestíveis eram racionados e distribuídos por senhas, António Teixeira conseguiu arranjar e pôr á disposição dos padeiros 1 000 sacas de farinha.
À sua porta não faltavam pedidos de sementes, adubos, madeira, numerário. A todos atendia moral e materialmente.
Foi fundador e tesoureiro da “Sopa dos Pobres”. Irmão da Misericórdia, doou o edifício onde esteve muitos anos instalado o Asilo. Foi Presidente da comissão municipal de assistência. Foi membro fundador da Cooperativa Transformadora de Produtos Agrícolas. Foi membro fundador da Comissão construtiva da Praça de Touros. Foi sócio fundador e vogal da Associação dos Regantes. Foi Presidente do Grémio da Lavoura, até ao fim da sua vida. Sócio nº 1 do Grupo Desportivo “O Coruchense” , ofereceu o terreno onde está hoje o Campo de Futebol (Horta da Nora) , exigindo apenas uma renda anual simbólica de 1$00.
Uma outra iniciativa de Feliciano Teixeira foi a transformação da adega que possuía na Rua de Santarém , no Café-Restaurante “O coruja”, que, com seus painéis de azulejos, retratando cenas da vida agrícola ribatejana, foi uma verdadeira sala de visitas, que recebeu locais e forasteiros.
Muitas vezes socorria pessoas, sem que lhe fosse preciso um pedido: bastava ele ter conhecimento da necessidade. É o caso de uma senhora que fizera uma promessa de uns litros de azeite , a Nossa Senhora do Castelo, para a lâmpada da capela. Os tempos eram maus e não havia dinheiro. Ao ter conhecimento do que se passava, mandou indagar...e ofereceu o azeite. E tratava-se de uma família de opinião política oposta.
Nunca se curvava, quando a razão e a verdade se impunham. A sua casa estava sempre ao dispor para tudo o que fosse lavoura, Coruche, desporto e assistência.
Fundou com Manuel Casimiro o jornal “Coruche Agrícola”, do qual foi seu director até falecer.
Em 1964 o poeta desta terra J.Galvão Balsa, publicou a sua obra poética: “Sol da Minha Várzea”, que dedicou:
“ A memória de António Feliciano Branco Teixeira, Senhor Lavrador Ribatejano,
que muito serviu e amou Coruche e os seus pobres”

E foi a este homem que derrubaram a estátua no dia 18 de Março de 1975, que os conterrâneos agradecidos lhe tinham erguido frente da sua Cooperativa, arrastando-a atada com cordas e cabos de aço, pelas ruas da Vila, que tanto amara...

O Povo tem a memória curta...Jesus disse na cruz “perdoai-lhe senhor que não sabem o que fazem”...
Fica aqui a minha singela homenagem ao homem que não tive o prazer de conhecer...!
Tive a infelicidade de assistir nesse dia negro da história de Coruche, ao vandalizar da sua estátua...está nítido na minha memória...!

2 Comments:

At quinta-feira, outubro 20, 2005, Blogger Cruxe said...

O Portugues tem a "mania" de esquecer o bem que foi feito e, como foi este o caso, deitaram abaixo uma merecida homenagem a um homem que tanto fez por Coruche (tenho conhecimento do que ouço o meu pai falar e de histórias que li em jornais "O Sorraia" antigos).

Talvez fizesse falta mais homens como este na nossa política. Eu irei estar sempre ligado a ele, pois a rua onde nasci tinha o nome dele, tendo sido mais tarde alterada para Rua 5 de Outubro.

 
At sexta-feira, novembro 18, 2005, Blogger Tímido Destemido said...

Eu assisti, ao derrube da estatua.
Não pelo que estão a pensar, tinha 5 anos, e lembro-me, que vinha de carro com os meus Pais, fomos a uma Farmacia, e eles estavam a arrastar a estatua.
Que falta.......olhem acho que é falta de tudo, nas pessoas fazerem o que fizeram!!!!!!
O mais engraçado, é que alguns que conheço e lembro-me da altura, que fizeram todo tipo de porcaria, hoje são senhores respeitados, alguns até são respeitados por quem, magoaram tanto.
Abraço

 

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